Games e Construção de Cenários

Por meio desta, venho confessar que não leio fantasia e ficção científica tanto quanto deveria, para alguém que escreve nesses gêneros. Minhas preferências de leitura estão mais voltadas para crime, thrillers psicológicos e não-ficção.

Acabei contornando a situação ao entrar em contato com fantasia e ficção científica não pelos livros, mas por meio de jogos. Embora games não ajudem tanto na questão de linguagem, e também não abordem nenhum tema muito profundo, eles não deixam a desejar na mais parte mais criativa da escrita, a de criação de conceitos básicos, personagens e cenários.

Focando em cenários, compilei uma lista dos meus jogos favoritos quanto à essa questão. Todos são populares, e para os escritores de fantasia e ficção científica aí afora que não costumam jogar, os que estão nessa lista são um ótimo lugar para começar.

Portal

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Chell, a protagonista

Esse é meio fantasioso no aspecto prático da coisa, entretanto o cenário aonde se passa os jogos Portal 1 e 2 e seu conceito básico é muito criativo, e foi abordado da maneira um tanto quanto esquisita da Valve de fazer games. Em ambos os jogos, a personagem principal, Chell, vai explorar os Laboratórios Aperture, que, dentre outras tecnologias, trabalhavam com o teletransporte por meio de portais. Detalhe: Chell é a cobaia.

Existem poucas personagens além da principal, assim como não é possível conversar com eles (a protagonista é muda), de modo que o foco está mesmo no cenário por si só.

Bioshock Infinite

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Capa do jogo Bioshock Infinite

Ao contrário dos outros dois Bioshock, o terceiro da série acontece em Columbia, uma cidade flutuante. O protagonista, Booker, deve resgatar uma jovem, e desencadeia toda uma série de eventos que forma uma trama complexa e muito criativa para um jogo de FPS.

Temos a mistura de tecnologia avançada com o visual mais antigo, sem, no entanto, cair no steampunk. Ao contrário de Portal, o foco está mais na política do que no ambiente físico aonde o jogo ocorre, embora a própria existência de Columbia seja um marco político, e ao longo do jogo, existe bastante informação sobre a “ciência” por trás da cidade e de outras tecnologias presentes.

Mass Effect

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Capa do jogo Mass Effect

Mass Effect, da Bioware, tem um cenário que considero bastante genérico e que não é explorado à todo seu potencial. Tenho também as minhas ressalvas em relação à como orientação sexual, as personagens femininas e a raça de alienígenas asari são tratadas (algo que vou abordar em um post separado), entretanto enquanto jogadora ávida da série Mass Effect, não posso negar que o game tem o seu apelo, com destaque para a tecnologia de transporte existente e a explicação de como ela surgiu, assim como os reapers e os geth, mais explorados no segundo e terceiro jogos da série.

Half-Life

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Capa do jogo Half-Life 2

Mais um protagonista mudo. Temos, desta vez, Gordon Freeman, um físico. Mistura de FPS com puzzle, Half-Life nos dá um cenário apocalíptico, caótico e misterioso. No primeiro jogo da série, explora-se Black Mesa, um centro de pesquisa, ao passo que se tenta escapar do local após algo dar errado.

No segundo, Gordon aparece em um trem, e explora a Cidade Dezessete, algum tempo depois da catástrofe que ocorreu em Black Mesa. Half-Life acontece no mesmo universo de Portal, e segue a mesma linha de cenário um tanto quanto despido de relações políticas, mas interessante mesmo assim.

Dragon Age

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Hawke, a protagonista de Dragon Age 2

A política construída dentro do universo de Dragon Age é fascinante, embora, tal como Mass Effect, o cenário seja genérico. Os pontos fortes dos games da série são, de fato, as relações políticas construídas e a interação do enredo do jogo com as mesmas; os Qunari e os Dalishianos são raças fantásticas que também merecem atenção.

Menção especialíssima à Dragon Age: Origins, o primeiro e melhor jogo da série, que conta com três jogos (sem mencionar os quadrinhos, romances, etc…).

Jade Empire

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Capa do jogo Jade Empire

Já mencionei esse jogo em outro post, e vou mencionar de novo nesse, porque o cenário de Jade Empire é bastante rico. O protagonista é o último Monge dos Espíritos*, e o único capaz de derrotar o vilão que ameaça a existência do Império Jade. O sistema de magia e a mitologia inspirados na antiga China são as estrelas do jogo, e o enredo tem elementos que eu julguei bastante inspiradores.

*Tradução livre do termo Spirit Monk, pois não encontrei tradução oficial.

 

 

 

 

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