Lobo de Rua – Fantasia Brasileira de Qualidade

Quando comecei a utilizar meu Kindle de verdade, essa foi a primeira obra que eu adquiri pela Amazon. A edição do Lobo de Rua, que chegou até as minhas mãos foi a publicada pela Editora Dame Blanche, em 2016, e você pode adquirir ela bem aqui.

Até o dado momento, essa foi uma das leituras que mais me marcou. Já tinha ouvido falar do Lobo de Rua algumas vezes antes de seu relançamento pela Editora Dame Blanche, e eu estava sob a impressão que seria uma novela Young Adult no estilo Harry Potter. Não sei precisar o motivo para essa minha ideia equivocada sobre o tom da obra.

A realidade é que Lobo de Rua é uma história grotesca. Enquanto uma penca de obras Young Adult por aí tratam da licantropia de maneira mais distante, sem se aprofundar muito no mecanismo da coisa, Lobo de Rua não tem medo de escancarar a coisa toda, até os últimos detalhes, e reforçar o motivo dos lobisomens serem considerados monstros pelo imaginário popular – sem, no entanto, condenar os personagens afetados pela condição.

Um aspecto que eu achei interessante é que a licantropia, no mundo imaginado por Jana, é uma doença sexualmente transmissível; além de ser uma explicação excelente, combinando muito bem com as explicações quase científicas dos sintomas e efeitos da licantropia, não culpar ou condenar Raul, e seu mentor, Tito, torna-se ainda mais importante na história.

Lobo de Rua é, no fim das contas, uma janelinha para o mundo da Galeria de Creta. Junto a Raul, o leitor vai descobrindo sobre a vida dos lobisomens no Brasil e quais as opções para aqueles que não desejam se submeter às vontades do monstro habitando dentro de si. Tudo isso por uma óptica pouco abordada nas obras fantásticas: a das pessoas sem-teto e suas dificuldades cotidianas.

Ao meu ver, peca-se apenas no infodumping, pois, como eu disse acima, o objetivo da novela parece ser explicar sobre o universo da Galeria e sobre os lobisomens na forma de história. A inserção dessa quantidade de informação no enredo não é feita de maneira a manter o ritmo da narrativa em alguns pontos, mas não foi nada que atrapalhasse significativamente minha leitura.

No mais, o tom mais pessimista se manteve até o fim da narrativa. O final me surpreendeu um pouco, entretanto foi bastante adequado para a proposta e para o desenvolvimento de ambos os personagens principais. Sendo assim, a novela valeu cada centavo e, no quesito qualidade, não deixa a desejar.

Nota da Autora: Se possível, chequem também a página da Editora Dame Blanche no Facebook. Além de Lobo de Rua, foi lançado pela editora a obra Casa de Vidro, que está na minha lista de leitura, pois pretendo continuar nesse ritmo e falar mais sobre autores brasileiros, divulgando também o trabalho de editoras menos conhecidas.

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