Quatrocantos – Fantasia Nacional (Mesmo)

Quatrocantos é um universo fictício criado por Vilson Gonçalves. A Canção dos Quatrocantos é um romance fantástico publicado pela Editora Buriti, e tem ainda dois livros de contos, disponíveis apenas em suas versões digitais na Amazon, Guerreiras do Sol e da Lua, assim como o Rei Amaldiçoado.

Não cheguei a ler A Canção dos Quatrocantos, mas li Guerreiras do Sol e da Lua, e O Rei Amaldiçoado, e vou falar desses dois livros em conjunto, já que eles se passam no mesmo universo fantástico e tenho as mesmas ressalvas sobre os dois.

Começando pelos pontos negativos, esses dois e-books carecem de um copidesk mais atencioso. Eu não os comprei, recebi cópias no 0800 para fazer leitura beta e consegui identificar várias coisinhas ao longo do texto, e nem tenho o olho lá muito criterioso.

Dito isto, tenho a política de não postar sobre livros que não acho que valem a pena a leitura. Então vamos para as partes boas:

Todo o universo de Quatrocantos é um dos mais únicos e criativos dentro do cenário nacional. Recebendo toda uma influência da cultura indígena brasileira, temos um cenário riquíssimo com vários povos, costumes e lendas, refletindo assim a diversidade da cultura que serviu de inspiração. E não tem nenhuma Europa envolvida, olha só. Não é que dá para escrever sobre guerras e batalhas épicas sem ter a figura dos cavaleiros e guerreiros europeus com as espadas e tudo o mais?

Falando do Guerreiras do Sol e da Lua, a temática de todos os contos giram em torno de personagens femininas. As guerreiras abayuká e seus costumes invertidos, onde as mulheres exercem as funções marciais, são fortes e treinadas para a batalha, enquanto os homens ficam relegados aos papéis tradicionalmente femininos, são as estrelas desse livro. O conto que mais me chamou a atenção foi Pindá (já publicado pela revista Trasgo), onde uma jovem abayuká deve realizar feitos impossíveis para poder se casar com o objeto de seus afetos.

O Rei Amaldiçoado já é um pouco menos representativo nesse front, por serem contos focados na figura do Vermelho, um personagem semelhante ao boto das culturas indígenas, que engravida as moças e some. O conflito principal desse apanhado de contos é a guerra travada entre o Vermelho e o Cinza, cada um almejando o domínio do mundo subaquático dos rios de Quatrocantos, um cosmos místico à parte, pouco explorado em Guerreiras do Sol e da Lua. 

A magia presente em Quatrocantos merece uma menção especial. Já puxando um pouco para a fantasia mais tradicional, existem alguns magos presentes nos contos, mas também há a presença de figuras místicas, umas mais próximas das personagens indígenas, outras nem tanto, e todas igualmente inovadoras.

Ambos os livros são bastante coesos e seguem a sua temática proposta, o cenário, como já mencionado, é riquíssimo, e de quebra os contos não ficam atrás no quesito criatividade. Os e-books ainda contam com o bônus de virem com ilustrações.

Ou seja, para quem sente saudade de ler livro com figurinha e quer ler fantasia brasileira escrita por autores nacionais, é uma boa pedida.

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