Livros que Inspiram – A Mão Esquerda da Escuridão

De maneira geral, eu prefiro muito mais ler histórias cheias de ação, tiros e espadas laser, mas um dos livros de ficção científica que mais gostei tem muito pouco disso. A Mão Esquerda da Escuridão, escrito pela Ursula K. Le Guin, foi publicado em terras brazucas pela Editora Aleph, em 2014.

Nele, acompanhamos Genly Ai, um humano que viajou à Gethen, buscando a união do povo nativo com a coalizão intergaláctica da humanidade. As pessoas de Gethen são completamente alheias aos conceitos considerados muito importantes entre as civilizações humanas, pois não possuem gênero, e podem ser tanto “homens” ou “mulheres” durante suas vidas. Estão sujeitas também a um ciclo hormonal que se assemelha ao cio observado em alguns animais.

Essa obra pouco parte para a pancadaria. O enredo se volta muito mais para Genly e para as suas percepções desse povo tão incomum, para as falhas da própria humanidade e para as suas próprias, ao tentar entender e se comunicar com eles. A Mão Esquerda da Escuridão é uma história psicológica, pessoal.

O que me chamou mais a atenção foi a maneira de lidar com questões de gênero. Não existem muitas histórias de ficção científica por aí que lidem com pessoas sem gênero com a coerência de Ursula (*cof cof* Mass Effect e as Asari *cof cof*). Para além disso, o foco da história são os conflitos dentro de Genly Ai, ao ter que se confrontar com os seus preconceitos. Com isso, o leitor também se depara com os seus próprios preconceitos durante a narrativa.

Falando ainda de coerência, a maneira como a sociedade de Gethen se adaptou ao período de kemmer (a época mensal de fertilidade sexual), e também ao clima tão gelado que chega a ser austero, é um exemplo muito bom de worldbuilding feito de maneira original e bem pensada. 

Para os que ainda escrevem e leem muito dentro dos limites da ação e do épico, A Mão Esquerda é um bom livro para sair da zona de conforto e ver que ficção científica não é só guerra no espaço com lasers. Eu inclusive. 

Nota da Autora: Esse é um post curtinho, porque o livro é curto, e tem um ritmo lento. É também um prelúdio para um conto que eu devo postar em breve, sobre um universo que só saiu da fase de planejamento por causa desse livro.

Nota da Autora 2: OKAY, OBRIGADA MOACIR POR TER INDICADO O LIVRO.

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