E-readers: valem a pena?

Leitores digitais para e-books como o Kindle e o Kobo não são nenhuma novidade. A Amazon lançou seu primeiro e-reader nos Estados Unidos em 2007; a partir daí, seguiu-se um frisson no mercado editorial. Como lidar com a presença dos e-readers e e-books concorrendo com os livros físicos? O que aconteceria em 2, 3, 10 anos com o mercado livreiro?

As previsões mais pessimistas certamente não se realizaram. No Brasil, a ameaça maior às livrarias está longe de ser os e-books e gadgets para leitura. Muita gente ainda prefere, ferrenhamente, os livros físicos. Uma tela não substitui a textura e o cheiro das páginas, a sensação boa de ver a estante cheia, entre outras vantagens que qualquer leitor regular já deve conhecer. Apesar disso, vale a pena adquirir um e-reader, se possível? Desde já adianto: vale sim!

Acontece que um e-reader de fato não substitui o livro físico de valor mediano que pode ser adquirido na livraria ou com baixo custo de frete, especialmente os produzidos por grandes editoras, cujos e-books, apesar de terem tudo para ser bem mais baratos, não possuem preços muito mais baixos que o valor de capa. Também não é substituto para aquele livro edição especial com capa dura, imagens coloridas e notas de rodapé.

Entretanto, um livro digital é muito mais conveniente quando se trata de obras muito volumosas, ou quando é necessário o transporte de vários volumes no menor espaço possível (como em uma viagem, por exemplo). Há também casos em que adquirir o livro físico seria caro demais, até mesmo impossível, se falarmos sobre obras internacionais.

E mesmo para livros que possam ser facilmente adquiridos em livrarias, pode-se obter uma diferença de preço considerável: para quem compra livros em grande número e com frequência, a economia feita em cada exemplar vai se somando.

O melhor, entretanto, eu deixei para o final. Ao adquirir um e-reader, adquire-se também todo um novo leque de obras.

Muitos autores independentes e editoras pequenas publicam exclusivamente de maneira digital, pois dessa forma não há gastos com a confecção das tiragens, armazenamento e transporte. Para além disso, as plataformas de vendas de livros digitais não são discriminatórias como são as livrarias; os autores independentes, que por ventura fazem tiragens de livros físicos, lidam com grandes dificuldades na hora de expor seus exemplares, o que por sua vez dificulta muito o acesso para leitores interessados. Dessa maneira, o e-reader torna possível apoiar esses profissionais e conhecer o seu trabalho.

Tá, mas tem muita obra de baixa qualidade no mercado editorial independente. Bom, na minha opinião, no mercado “tradicional” também tem…

Talvez, reste a pergunta sobre quais obras independentes por aí são mesmo boas. A resposta para essa pergunta, quando se fala de fantasia e FC, responderei em posts vindouros. Na verdade, eu já comecei com Binti, uma novela afrofuturista, tem mais material prontinho para ser postado. 

Nota da Autora: Existe o Kindle App que permite a leitura de obras adquiridas pela Amazon no computador e no smartphone. Isso fornece um problema extra que é a falta de conforto visual ao ler por longos períodos em telas não concebidas para tal, mas é uma alternativa viável para quem não tem dinheiro sobrando para adquirir um e-reader.

Nota da Autora 2: Quem acompanha o Insta do usina ou a página do Facebook já deve ter visto que eu comecei a leitura de um livro, Fifth Season, da N. K. Jemisin, pelo celular. O livro não chegou no Brasil e eu possuo o Kindle, enquanto o e-book estava disponível apenas no Kobo. Pelo bem da ciência, baixei o aplicativo para ler no celular. A leitura é mesmo mais lenta pela questão da tela, mas tem a vantagem de que tenho um livro para ler em comigo em qualquer lugar, pois ando sempre com meu celular, então fica bem prático encaixar aquela lidinha enquanto espero numa fila ou algo do gênero. 

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